quinta-feira, 29 de março de 2012

The Circle of Life (ou as ocasiões em que devíamos fechar a boca)

Conversa de colegas ao pequeno-almoço:

Eu - Na sexta-feira passada estive a ver "O Rei Leão 2".

Ele - Eu nem sequer vi o primeiro.

Eu - Tu NUNCA viste "O Rei Leão"???

Ele - Não...

Eu - Mas isso é uma falha brutal! O filme é fantástico... uma das melhores produções da Disney!

Eu - Poupa-me... Aquelas palhaçadas do "ah e tal the circle of life" e os bichinhos todos...

Eu - Não sejas cromo. O filme é lindíssimo: as cores, as paisagens, a mensagem de amizade e amor e de luta pelos sonhos e a noção de pertença a um todo... é isso que faz as pessoas felizes, sabias?

Ele - Não. Segundo a tua teoria é a penetração.




E pronto. Há um dia qualquer em que um gajo diz que dar beijinhos não é sexo (a não ser que tenhamos uma visão pré-adolescente da coisa) e nunca mais pode filosofar sobre o sentido da vida. Fundamentalistas.

segunda-feira, 26 de março de 2012

Viver é uma coisa bem girinha

Lembram-se de vos ter contado que esta história tinha terminado com um final feliz?

Pois bem, neste fim-de-semana que passou estava eu em Aveiro com uns amigos a começar a jantar quando toca o telefone: era a minha amiga S., a protagonista da tal história fantástica.

Em suma, a conversa foi mais ou menos isto: "olha vamos casar daqui a três meses no Convento do Espinheiro em Évora e tu vais ser o meu padrinho." Assim. Pás.

Fiquei meio abananado, confesso...

Logo a seguir veio o momento lamecho-piegas: conhecemo-nos há 13 anos no 1º dia do 1º ano da Faculdade de Direito e depois de tanta coisa juntos (onde se contam os inúmeros telefonemas e desabafos aquando da separação deles há pouco mais de um mês) vou apadrinhar esta mulher fantástica num dos dias mais importantes da sua vida :')

E a verdade é que sou fã de casamentos... há muita gente que diz que é uma seca, uma fantochada e o diabo-a-sete. Pois eu, pela minha parte, gosto de tudo: a cerimónia, a forma como todos estamos mais bonitos naquele dia (ou pelo menos tentamos), o banquete, os sorrisos, as fotos, o baile, e, acima de tudo, o gesto de loucura saudável que ainda é gritar ao mundo que se vai amar aquela pessoa para sempre.

E depois... bem, eu tenho uma relação de Amor com o Alentejo e há anos que alimento a curiosidade de um dia ir almoçar ou jantar ao Convento do Espinheiro, que os amigos que por lá passaram descrevem como um sítio mágico. E, do pé para a mão, vai de me calhar ser Padrinho da Noiva naquele Convento em pleno Alentejo!



Para concluir, há algo mais que me deixa feliz: esta é a 3ª afilhada de casamento (a somar a mais 3 afilhadas de Crisma)... parece que no meio de todas as loucuras e dilemas que pautam os meus dias, alguma coisa de certo devo estar a fazer.

sexta-feira, 23 de março de 2012

Suspense e ovos moles

Adoro filmes de terror... é que vibro mesmo com eles! E não é pelo medo em si (não tenho medo nenhum): é pelo suspense que se gera em grande parte das cenas, e que me faz saltar da cadeira. Sim, eu salto e agarro-me e berro e tudo e tudo (no "e tudo e tudo" podem incluir o disparar palavrões a torto e a direito)!
Só que, para mim, ver filmes de terror implica duas coisas:

1) não ver sozinho (nunca... seria um convite à morte por ataque de pânico ou ansiedade);
2) nas noites seguintes não vou conseguir dormir.

Ora, quando se está com alguém numa relação ambos os problemas ficam resolvidos (vejo o filme acompanhado e durmo grudado à alma sofredora que me atura nas duas noites seguintes), mas quando se está solteiro a coisa muda de figura...

A Pepper foi louca o suficiente para ir comigo ver "A Mulher de Negro" (que é um filme daqueles e muito berro e salto) e acabo de chegar a casa vindo do cinema... ainda tenho as mãos suadas. A parte bonita é a que se segue: não consigo andar pela casa às escuras nem olhar para o meu reflexo nos espelhos (tenho a sensação de que vou ver mais alguém atrás de mim)... a verdade é que já sei que vou andar a pensar na p*ta da morta e que esta noite dormir está fora de questão.



A vantagem é que o T e a M me convidaram para os ir visitar a Aveiro este fim-de-semana, o que me dá um excelente pretexto para amanhã de manhão sair cedinho e meter-me no carro para me fazer à estrada (assim como assim não vou ter dificuldade a acordar). Por outro lado, ainda tenho que preparar o saco com alguma roupa e coisas para levar... e tenho a noita toda para o fazer! Para além disso, já que a Morta teima em andar aqui à volta de mim até pode ser que dê uma ajudinha: afinal, dois pares de mãos sempre são melhores que um.

E agora deixem-me desligar isto que ela não dá com o carregador do telemóvel.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Meia-noite... no louco início do séc. XX

Gostei bastante do "Meia-Noite em Paris", do W. Allen. Adorei a ideia da (uma vez mais) incessante busca pelo inalcançável, a permanente insatisfação, o fascínio pelas loucuras do passado, que consomem a personagem principal.

Todos nós temos períodos da História que nos despertam mais ou menos interesse, consoante determinadas características que lhes reconhecemos e com as quais geramos maior ou menor empatia. A minha brincadeira das terças-feiras tem-me proporcionado uma verdadeira viagem no tempo através de cores, formas, sonhos, loucuras e ousadias de inúmeros artistas e, sinceramente, tenho-me sentido fascinado pelo início do séc. XX, entre 1905 a finais dos anos 20... dizia-me um colega que esse fascínio deveria ser por ainda não termos ido mais além, porque cada década tem um encanto único quando contada por aquela Professora e acompanhada pelas inúmeras imagens que nos arrancam pequenos momentos de êxtase. 

Claro que já sabia algumas coisas, como, por exemplo, que em 1907 Picasso rasgava pessoas e cenários e desmontava-as em figuras geométricas (Cubismo)... e sempre me suscitou algum espanto pensar que isto acontecia numa época supostamente conservadora (sim, estamos a falar de 1907!). E desenganem-se, se pensam que isto só acontecia lá por fora... acreditem: o início do Séc. XX foi uma época de gente doida e ainda hoje vivenciamos muita dessa influência.

Na verdade, a "orginalidade" também se vivia neste cantinho lusitano (de forma menos generalizada, é certo). Se não vejamos, em plena 1ª Guerra Mundial, enquanto o País se contorcia em fome, medo, miséria e boatos sobre umas aparições para as bandas de Ourém, Almada Negreiros passeava uma galinha pintada de azul pelo Chiado, acompanhado do seu pequeno amigo Santa-Rita, vestidos nas suas indumentárias pouco convencionais.

(Almada e último grito da moda)

(G. Santa-Rita, um homem pouco quadrado)

E não se pense que a originalidade passeava apenas por Lisboa. Não vou dar o exemplo de Amadeu Souza-Cardoso, porque esse é por demais conhecido. Mas sabiam que para as bandas de Vila do Conde um casal seu amigo (Robert e Sónia Delaunay), que se tinha vindo juntar a ele e ao amigo Eduardo Viana, fugidos de França durante a 1ª Guerra Mundial,  aplicavam a sua imagem de marca (círculos cromáticos do cubismo órfico, do qual são os principais mentores) ao meio rural português, cujas cores o fascinaram?

(S. Delaunay, "Marché au Minho")   

Já agora, uma pequena curiosidade (para não me perder entre estas histórias deliciosas): este casal sui generis acabou por fugir de Portugal uma vez que se pensava que a correspondência que trocava com alguns dos seus amigos Portugueses (como Souza-Cardoso ou E. Viana) eram documentos de espionagem, considerando os códigos que a mesma continha (e que na verdade apenas se referiam a cores ou ideias para novas pinturas).

No extremo da Europa, na Rússia pós-revolução Bolchevique, também se criava com uma nova pujança, e aí nasceu o Construtivismos (e, posteriormente, o Suprematismo), caracterizado pela definição da arte como resultado de um processo construtor e produtivo, acessível e com utilidade prática. E desenganem-se se pensam que hoje o Mercado não lança mão de uma ideia tão antagónica ao espírito actual, para apelar ao nosso consumismo...

(Cartaz da autoria de Rodchencko, a partir da sua fotografia de Lily Brik, 1924)


(a bela da Lily fotografada pelo Rodchenko em 1924)


(E pronto, estes senhores não precisam de apresentação, pois não? É fantástico...)

(E o que me dizem desta campanha da Saks, inspirada por Rodchenko? O Senhor daria voltas na campa... ou não) 
  

segunda-feira, 19 de março de 2012

Passou-me uma grande carreira ao lado

Se há coisa de que eu gosto (está assim ela por ela com a leitura) é de festas. Sim, pelo corpo também, mas não é dessas que estou a falar agora... É das celebrações mesmo.

A verdade é que como padeço de um optimismo incurável, tenho tendência a achar que a Vida é uma festa pegada e que o Homem tem mais é que celebrar. E parece-me que mesmo quem não partilhe deste optimismo concordará que poucas vezes nos sentimos tão vivos e a achar que isto vale mesmo a pena como quando estamos juntos de quem amamos a festejar um evento feliz.

Pois isto tudo para vos dizer que se não fosse advogado acho que tinha que ser organizador de eventos. Sim, eu sou o tipo que adora casamentos, baptizados e aniversários (algo do género pastelaria com fabrico próprio, estão a ver?)...

Ora, pois que resolvi surpreender um grupo de amigos com uma caminhada para uma praia meio recôndita no domingo passado (ontem, portanto). O motivo? A chegada premente da Primavera, pois claro! E não torçam o nariz porque é um motivo tão válido como outro qualquer. Para além disso aquela rapaziada adora "cunbíbios" seja qual for o motivo e, assim, vai de nos fazermos ao caminho.

Tivemos direito a caminhada, alpinismo ligeiro, banhos de sol, petiscadas, fotos, jogos e muita gargalhada (tanta, Jasus): foi um dia em cheio, com paisagens de encher a vista e com amigos que me enchem o coração. E eu ainda fiquei com um bronze nada recomendável para uma reunião de segunda de manhã :D

Ora então não há-de um gajo achar que a Vida é uma festa?











sexta-feira, 16 de março de 2012

Momento "assim falava Zaratustra"

Hoje saí mais cedo e estava para aqui sentado a ler e a ouvir a Antena 3 que, às 19h das sextas-feiras, tem um programa que tem tanto de tonto como de fantástico: "conversa de raparigas". Eis senão quando oiço uma máxima de profundo cariz filosófico, que me fez vir aqui partilhá-la com vocês:

"Tudo o que mandamos para trás das costas acaba por nos morder no rabo."

É mesmo assim?





...

quinta-feira, 15 de março de 2012

Ainda a propósito do post anterior

Eu não escrevi que não sou feliz: apenas escrevi que temo tornar-me num cabrão egoísta (e que isso faça de mim infeliz, claro).

Mas então as pessoas solteiras não podem ser felizes? Só se é feliz se se tiver uma cara-metade? Se acham isso, falem comigo e apresento-vos um casal ou dois... Vão ficar a saber como parecem as pessoas que não têm medo do diabo, porque já vivem um autêntico inferno em vida.

O segredo é rodearmo-nos de pessoas boas (sejam família, colegas ou amigos). É dedicarmo-nos ao que faz o coração bater mais depressa. É enchermo-nos de mundo. E é ter sempre presente que isto é só uma passagenzita de uns anos e que por isso não vale a pena arreliarmo-nos por aí além. Se conseguirmos partilhar essa passagem com alguém que lhe dê um sentido diferente, de maior comunhão, então melhor. Mas senão, também não vem mal nenhum ao mundo.

A tónica do equilíbrio assenta, a meu ver, no seguinte (e era para aqui que queria encaminhar a minha preocupação): não cair em extremismos de andar por aí desesperado à procura de almas gémeas e metades da laranja e tampas para o tacho e marés e marinheiros e tudo e tudo, mas também não levantar paliçadas e vedações de arame farpado à nossa volta.

O segredo é mesmo divertirmo-nos a tornar sonhos (os nossos e os de quem queremos bem) em realidade. E beber bom vinho tinto.

 

segunda-feira, 12 de março de 2012

A dúvida

Entre as reuniões, as deslocações de trabalho, os julgamentos, os congressos e os contratos;
Entre os jantares, os copos, os passeios, as caminhadas, o ginásio e as sessões de cinema;
Entre o curso de História de Arte, os livros e as viagens,
Não encontro mais espaço nenhum livre na agenda.

E, como dizia a B no outro dia, quando se constrói e estrutura uma vida para um só é difícil ter espaço para alguém que apareça... se é que a agenda deixa que apareça alguém.

Será que me estou a tornar num cabrão egocêntrico?

domingo, 11 de março de 2012

Os meus amigo novos

Não são fantásticos?

Já cá estão instalados, directamente do Guggenheim Bilbao.
Quem são eles? Quem são?



Vá... está é fácil!

quinta-feira, 8 de março de 2012

Assim só naquela de me armar em mete-nojo #2

Recebi hoje um e-mail com a confirmação da reserva do hotel para o mês que vem... diz que durante uma semana o meu aconchego em NY será por aqui:


(lounge)


(terraço do hotel)


(quarto - "premium", pois claro...) 

quarta-feira, 7 de março de 2012

Dos dias em que fecho o Código Civil

As terças-feiras para mim são o bálsamo semanal: fico para lá de eufórico quando me meto no carro às seis da tarde e rumo à Sociedade Nacional de Belas Artes para mais uma aula. Eu sei que são apenas duas horas por semana, mas durante aquele espaçozinho de tempo deixo de ser a pessoa que tem que redigir cláusulas, analisar contratos, ter uma postura negocial nas reuniões, preparar julgamentos, fazer petições iniciais e contestações e passo a ser um aluno.

E é verem-me sentadinho na minha carteira todo sorridente entre as histórias de pintores degenerados, interpretações desconhecidas de obras familiares ou apresentações de obras e artistas completamente desconhecidos. Faltam 3 meses para o curso acabar e as recordações já são mais que muitas: a paleta de Gauguin que me transportou para o Tahiti, os pormenores desconhecidos de V. Gogh (um dos meus pintores preferidos) ou a novidade (para mim) dos Delaunay e dos seu cubismo órfico, Luigi Russolo e os seus intonarumori (sim, que aquilo não é só pintura e escultura: também há espaço para a música e fotografia, entre outros ofícios) ou o panorama fantástico da arte contemporânea em Portugal que me é dado a conhecer todas as semanas por aquela grande Professora que privou com muitos dos seus pintores.


("Van Gogh pintando girassóis", de Gauguin... fantástico, não é? Fascina-me a possibilidade de termos acesso à criação dos célebres quadros de girassóis de Van Gogh, pelas mãos de um pintor seu amigo)


E isto mudou a minha maneira de ser e de estar, acreditem. Acabo por me sentir muito mais desperto para a pesquisa e por perceber um pouco mais daquilo que vejo (a minha escolha por um curso de Arte Contemporânea teve a ver com isso mesmo: a minha dificuldade em compreender muito do que se produziu no séc. XX). Por outro lado, é algo que me deixou de tal forma fascinado que já não escondo de ninguém que frequento o Curso (até há muito pouco tempo não comentava com colegas e mais algumas pessoas, com medo de levar com a boca do "ah e tal, isso é coisa de rôto"). E depois acreditem que agora quando visito um Museu o faço com um olhar completamente diferente... é uma sensação M-A-R-AV-I-L-H-O-S-A! Claro que para além do que aprendi, ficam as ferramentas e as directrizes necessárias para estudar e entender outros artistas cujas obras sempre me deslumbraram (e que duvido que abordemos no curso), como Frida Khalo ou Edward Hopper, e isso não tem preço.

E pensar que dentro de um mês terei o Metropolitan, o MOMA ou o Withney à minha disposição... ah, em 2012 é Natal todos os dias.

sábado, 3 de março de 2012

Assim só naquela de me armar em mete-nojo

Têm-me chegado umas coisas engraçadas por correio...

Uma para preparar o mês que vem:



e outra que promete um fim-de-semana bem doido em Junho: